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Estratégias eficazes para conversar com adolescentes

  • Paloma Garcia
  • 2 de nov. de 2023
  • 12 min de leitura

Atualizado: 15 de abr.

Conversar com adolescentes pode ser, para muitos pais, mães e educadores, uma das tarefas mais desafiadoras do cotidiano. Questões como afastamento emocional, respostas monossilábicas, reações explosivas ou o clássico “não quero falar sobre isso” são comuns — e, muitas vezes, frustrantes. O diálogo, que fluiu naturalmente na infância, parece esbarrar em um muro invisível na adolescência.


Essa dificuldade não é apenas uma questão de comportamento ou rebeldia. Ela está enraizada em transformações profundas que ocorrem nessa fase da vida: mudanças cognitivas, emocionais, hormonais e sociais tornam o adolescente mais sensível à crítica, mais voltado para seus pares e mais desconfiado da autoridade dos adultos.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a adolescência como o período entre os 10 e 19 anos, marcado por transições que afetam a forma como os jovens se relacionam com o mundo e consigo mesmos (WHO, 2021). É um momento de busca por identidade, autonomia e pertencimento — e essa jornada interna impacta diretamente a qualidade da comunicação com os adultos.


Além disso, vivemos um contexto contemporâneo marcado por hiperconexão digital, sobrecarga emocional e fragmentação dos vínculos familiares, o que intensifica os ruídos na comunicação. Segundo pesquisa realizada pela UNICEF Brasil (2021), mais de 60% dos adolescentes entrevistados relataram sentir que “não são ouvidos” pelos adultos em casa.

Esses dados e fenômenos apontam para a necessidade de desenvolver novas estratégias de escuta, acolhimento e diálogo, que levem em conta as necessidades emocionais do adolescente e as particularidades de seu desenvolvimento neurológico e psicológico.

"O adolescente não está apenas se afastando dos pais. Ele está tentando se aproximar de si mesmo.”— Dr. Daniel J. Siegel, psiquiatra e autor de O Cérebro do Adolescente

Neste artigo, exploro as razões pelas quais a comunicação com adolescentes se torna tão desafiadora — e, mais importante, quais caminhos existem para reconstruir pontes de confiança e diálogo autêntico. A proposta é oferecer estratégias eficazes, ferramentas práticas e fundamentos científicos que orientem pais, cuidadores e educadores a se conectarem com os jovens de forma mais respeitosa, empática e eficaz.


Mãos entrelaçadas sobre uma mesa simbolizando apoio emocional, empatia e escuta ativa entre adolescentes e adultos no contexto da saúde mental juvenil.

  1. A neurociência do cérebro adolescente e seus efeitos na comunicação


Para compreender por que conversar com adolescentes pode ser tão desafiador, é essencial conhecer as transformações que ocorrem no cérebro durante essa fase. A adolescência não é apenas uma transição social, mas um intenso processo de reconfiguração neurobiológica. A ciência tem avançado significativamente nesse campo, e as descobertas da neurociência do desenvolvimento ajudam a explicar muitos comportamentos típicos — incluindo a resistência ao diálogo.


Segundo o psiquiatra e pesquisador Daniel J. Siegel (2014), o cérebro adolescente passa por um processo de “remodelação neural”, em que conexões pouco utilizadas são podadas, enquanto outras, mais ativas, são fortalecidas. Ao mesmo tempo, há um aumento na sensibilidade ao risco, à recompensa e à rejeição social, o que influencia diretamente a forma como adolescentes interpretam — ou distorcem — o que ouvem dos adultos.


Descompasso entre emoção e razão: o cérebro em obra


Uma das descobertas mais relevantes da neurociência é que o córtex pré-frontal, responsável por funções como julgamento, empatia, planejamento e controle inibitório, ainda está em desenvolvimento durante toda a adolescência — geralmente até os 25 anos de idade (Casey, Tottenham & Liston, 2005).


Enquanto isso, áreas como a amígdala (que processa emoções como medo, raiva e ansiedade) e o sistema límbico (relacionado à motivação e prazer) estão em plena atividade, influenciando reações emocionais rápidas e intensas.


Esse descompasso pode explicar por que, muitas vezes, o adolescente:


  • reage de forma impulsiva ou defensiva a comentários neutros;

  • interpreta conselhos como críticas;

  • evita conversas sérias por medo de julgamento;

  • prefere silenciar ou fugir do conflito em vez de dialogar.


Reatividade emocional e interpretação negativa


Estudos em neuroimagem mostram que adolescentes tendem a interpretar expressões faciais neutras como hostis ou negativas (Yurgelun-Todd et al., 2003). Isso significa que, mesmo quando um adulto tenta conversar com calma, o adolescente pode perceber a mensagem como crítica ou ameaça.


Além disso, a hiperconectividade do sistema límbico aumenta a sensibilidade à rejeição, o que pode gerar respostas defensivas como:


  • “Você nunca me entende!”

  • “Ninguém me escuta!”

  • “Já sei o que você vai dizer.”


Essas respostas não são necessariamente sinais de má vontade, mas sim reações emocionais ampliadas por um cérebro em reestruturação.


O papel dos espelhos emocionais: os adultos também regulam o cérebro adolescente


Outro conceito central na neurociência interpessoal é o de coreguladores emocionais. O cérebro do adolescente está altamente responsivo ao ambiente — e o estado emocional dos adultos influencia diretamente sua capacidade de se regular.


Quando pais ou educadores reagem com irritação, julgamento ou impaciência, isso ativa no adolescente o sistema de ameaça. Por outro lado, quando o adulto oferece calma, escuta e empatia, ajuda a regular o sistema nervoso do jovem, favorecendo o diálogo.

"A conexão precede a correção. Sem conexão, o cérebro adolescente interpreta qualquer orientação como ameaça.”— Dr. Daniel J. Siegel

  1. Principais barreiras no diálogo entre adultos e adolescentes


Muitos adultos se perguntam por que é tão difícil manter uma conversa fluida com adolescentes. Ainda que o carinho e a preocupação estejam presentes, muitas tentativas de diálogo acabam em mal-entendidos, respostas evasivas, silêncio ou conflitos.

Essas dificuldades raramente acontecem por falta de amor ou por "rebeldia" do jovem.

Elas geralmente refletem barreiras emocionais, cognitivas e relacionais que afetam a forma como o adolescente se comunica — e também como escuta.


1. Percepção de julgamento e controle


Adolescentes estão em um momento de construção de identidade. Eles desejam ser vistos como indivíduos autônomos, com opiniões próprias. Quando percebem que o adulto está apenas querendo “corrigir”, “ensinar” ou “mudar” seu comportamento, sentem-se desvalorizados ou invadidos — o que ativa defensividade.


Exemplo:

Um pai pergunta: “Por que você está sempre no celular?”.O adolescente responde: “Você só sabe criticar. Não quer saber de mim de verdade.”

Essa reação não é apenas sobre o celular, mas sobre sentir-se observado com crítica, e não com curiosidade ou interesse genuíno.


Segundo Carl Rogers (1951), fundador da abordagem centrada na pessoa, a aceitação incondicional e a escuta sem julgamento são fundamentais para que o outro se abra emocionalmente. A percepção de julgamento fecha o canal de comunicação.


2. Uso de linguagem diretiva ou autoritária


Muitos adultos, ao tentar conversar, utilizam frases que soam como ordens, diagnósticos ou generalizações:


  • “Você nunca escuta.”

  • “Já te falei mil vezes.”

  • “É assim porque eu mandei.”


Esse tipo de linguagem ativa o senso de ameaça à autonomia do adolescente. E quanto maior a ameaça percebida, menor a disposição para o diálogo. Marshall Rosenberg (2003), criador da Comunicação Não-Violenta (CNV), aponta que linguagem impositiva gera resistência, não cooperação.


3. Escuta limitada e respostas automáticas


Outro obstáculo comum é o modelo adulto-centrista de comunicação, em que o adulto escuta com a intenção de corrigir ou responder, e não de compreender. Isso faz com que o adolescente se sinta invalidado.


Exemplo:

Adolescente: “Eu odeio a escola.”Resposta automática: “Ah, para com isso. Escola é importante!”

Essa resposta, embora bem-intencionada, anula a experiência emocional do adolescente e fecha o espaço para que ele explique o motivo do sofrimento.


Proposta alternativa:

“Puxa, o que está te fazendo se sentir assim? Quer conversar sobre isso?”

4. Insegurança emocional do próprio adulto


Muitos pais e educadores se sentem perdidos diante da complexidade emocional do adolescente e acabam evitando conversas mais profundas. O medo de "falar errado", de "perder o controle" ou de "estimular ideias perigosas" pode levar ao silêncio — que, para o jovem, soa como desinteresse ou abandono.

A ausência de diálogo não protege o adolescente. Apenas o deixa sozinho com suas dúvidas, dores e conflitos internos.

Estudos apontam que adolescentes que relatam ausência de diálogo aberto com adultos de referência têm maior risco de desenvolver quadros depressivos, isolamento e comportamentos autodestrutivos (Resnick et al., 1997; WHO, 2021).


5. Contexto digital e ruído geracional


Muitos conflitos de comunicação hoje se dão em função do modo diferente como adultos e adolescentes se relacionam com a tecnologia, o tempo e a linguagem.


Exemplo de ruído geracional:


  • O adulto quer conversar olho no olho, o adolescente prefere mandar mensagem;

  • O adulto pede diálogo imediato, o adolescente precisa de tempo para processar;

  • O adulto cobra explicação, o adolescente responde com memes ou emojis.


Essas diferenças não são falta de interesse ou respeito — são formas diferentes de linguagem. Rejeitá-las pode criar barreiras adicionais.


Principais barreiras:

Tipo de barreira

Exemplos práticos

Consequência na comunicação

Julgamento

Críticas, rótulos

Defensividade, fechamento

Autoritarismo

Ordens, imposições

Resistência, oposição

Falta de escuta

Minimizar sentimentos

Silêncio, evasão

Insegurança adulta

Medo de errar, evitar temas difíceis

Ausência de diálogo

Ruído geracional

Linguagens diferentes

Desconexão, má interpretação


  1. Estratégias eficazes de escuta e comunicação empática com adolescentes


Se a adolescência é marcada por reatividade emocional, busca por autonomia e hipersensibilidade à rejeição, então a comunicação eficaz precisa ser mais do que “dizer as coisas certas” — ela deve transmitir segurança, respeito e disponibilidade emocional.

O objetivo não é apenas falar com o adolescente, mas criar um espaço em que ele queira falar. Para isso, é essencial desenvolver habilidades de escuta ativa, empatia comunicacional e presença afetiva.


1. Escuta ativa: ouvir com o corpo, não apenas com os ouvidos


A escuta ativa vai além do silêncio. Trata-se de uma postura corporal, emocional e cognitiva de atenção plena ao que o outro está expressando — verbal ou não verbalmente.


Princípios da escuta ativa:


  • Manter contato visual respeitoso (sem intimidação);

  • Demonstrar interesse com gestos sutis (acenos, postura aberta);

  • Evitar interrupções e respostas automáticas;

  • Reformular o que o adolescente disse para mostrar compreensão.


“Você está dizendo que se sente pressionado o tempo todo na escola? É isso?”

Esse tipo de devolutiva permite ao adolescente sentir-se compreendido sem ser julgado — o que reduz sua defensividade. Carl Rogers (1951) defende que o ato de escutar com empatia é a base para qualquer relação de ajuda. Em suas palavras:


“Quando alguém realmente nos escuta, sem nos julgar, sem tentar nos moldar, sentimos algo maravilhoso: ser compreendido profundamente.”

2. Empatia comunicacional


A empatia verdadeira não é tentar consolar ou consertar o que o adolescente sente, mas validar a experiência dele com autenticidade emocional.


Exemplo:

Adolescente: “Acho que ninguém gosta de mim na escola.”Resposta empática: “Isso deve ser muito difícil de sentir... você está se sentindo sozinho?”

A empatia não minimiza nem racionaliza o sentimento. Ela acolhe. Isso é essencial para que o adolescente confie e se abra.


Estudos em neurociência social (Decety & Jackson, 2004) demonstram que respostas empáticas ativam circuitos neurais de segurança, reduzindo a atividade da amígdala e facilitando a regulação emocional.


3. Linguagem descritiva em vez de julgadora


Evite rótulos como “você é irresponsável” ou “você só reclama”. Substitua por descrições específicas e observáveis:


  • Ao invés de: “Você nunca ajuda em casa.”Use: “Hoje percebi que a louça ficou sem lavar. Podemos conversar sobre isso?”


Isso reduz a defensividade e aumenta a chance de cooperação.


Na comunicação não-violenta (CNV), Marshall Rosenberg propõe que a linguagem seja baseada em:


  • observações concretas (e não julgamentos);

  • sentimentos (em vez de diagnósticos);

  • necessidades (em vez de exigências);

  • pedidos claros (em vez de acusações).


4. Validar emoções antes de oferecer soluções


Adultos tendem a querer “resolver o problema”. Mas antes de sugerir caminhos, é essencial validar o que o adolescente sente:

“Entendo que você esteja frustrado com isso. Quer que eu apenas escute ou você quer pensar comigo numa solução?”

Essa pergunta simples devolve ao adolescente a autonomia e mostra respeito pela sua forma de sentir.


5. Permitir silêncio, tempo e espaço


Adolescentes nem sempre vão querer conversar na hora em que o adulto deseja. Respeitar o tempo do jovem é também uma forma de comunicação.

“Percebi que você está chateado. Quando quiser conversar, estarei por aqui, tá?”

Isso evita confrontos e demonstra constância afetiva.


Princípios da boa comunicação com adolescentes

Princípio

O que envolve

Impacto

Escuta ativa

Atenção plena, reformulação

Reduz defensividade

Empatia

Validar emoções, sem julgamento

Aumenta confiança

Linguagem descritiva

Fatos, não rótulos

Evita conflitos

Validação emocional

Antes de soluções

Fortalece vínculo

Respeito ao tempo

Não forçar o diálogo

Gera segurança relacional


  1. O que evitar — armadilhas comuns no diálogo com adolescentes


Mesmo quando existe afeto e boa intenção, muitos adultos adotam estratégias que comprometem a qualidade da comunicação com adolescentes. São frases, posturas ou reações que, embora pareçam inofensivas, ativam mecanismos de defesa, desvalorização ou desconexão.


Identificar essas armadilhas é fundamental para cultivar uma escuta mais eficaz e construir pontes de confiança.


❌ 1. Conselhos prematuros e soluções rápidas


Quando um adolescente compartilha algo difícil, a reação imediata de muitos adultos é oferecer conselhos ou tentar resolver a situação rapidamente:


  • “Você devia simplesmente ignorar isso.”

  • “Faz parte, logo passa.”

  • “É só estudar mais.”


Embora essas falas venham de uma intenção de ajudar, elas invalidam a dor do jovem e transmitem a mensagem de que ele não está lidando “corretamente” com suas emoções.

O que o adolescente precisa primeiro é ser escutado, não corrigido.


Estudos mostram que validação emocional precede a mudança comportamental (Linehan, 1993). Sem escuta, não há disposição para diálogo.


❌ 2. Sarcasmo, ironia ou humor depreciativo


Usar o sarcasmo como forma de “quebrar o gelo” ou transmitir uma crítica disfarçada de piada pode ser especialmente prejudicial na adolescência:


  • “Nossa, que drama! Você devia ganhar um Oscar.”

  • “Ah tá, agora você é o dono da verdade?”


A adolescência é uma fase de alta sensibilidade à rejeição e humilhação social (Somerville, 2013). Ironias que seriam neutras para um adulto podem soar profundamente ofensivas para um jovem.


❌ 3. Comparações com outros jovens ou com si mesmo


  • “Quando eu tinha a sua idade, já trabalhava e estudava.”

  • “Por que você não pode ser como seu irmão?”


As comparações reforçam o sentimento de inadequação e podem gerar ressentimento. Elas não inspiram mudança, apenas alimentam a crença de que o adolescente não é “bom o suficiente”.


Comparações frequentes estão associadas à baixa autoestima, raiva e distanciamento afetivo (Pomerantz & Qin, 2014).


❌ 4. Rotulação e generalizações


  • “Você é muito dramático.”

  • “Você sempre faz isso.”

  • “Você nunca escuta.”


Palavras como “sempre” e “nunca” desqualificam qualquer tentativa de mudança do adolescente. Além disso, rótulos colam na identidade do jovem, influenciando como ele se vê e como se comporta.


Alternativa:

Troque o julgamento por observações específicas:


  • “Hoje você me pareceu muito nervoso.”

  • “Notei que você evitou falar sobre isso. Quer conversar depois?”


❌ 5. Desvalorizar os sentimentos do adolescente


  • “Você está exagerando.”

  • “Isso não é nada, tem gente passando fome.”

  • “Você não tem motivo para estar assim.”


Frases como essas, mesmo quando ditas com intenção de consolar ou relativizar a dor, produzem o efeito contrário: isolamento emocional. O adolescente sente que não tem espaço legítimo para sofrer.


A pesquisa de Brené Brown (2018) sobre empatia demonstra que minimizar a dor do outro não o fortalece — apenas o silencia.


O que fazer no lugar dessas armadilhas

Armadilha

Substitua por

Por quê?

Conselho imediato

“Quer falar mais sobre isso?”

Dá espaço à escuta

Ironia

“Você quer me contar com mais calma?”

Preserva a dignidade

Comparação

“Cada pessoa tem seu ritmo.”

Reforça a individualidade

Rótulo

“Notei que isso te afetou muito.”

Descreve, não julga

Minimização

“Isso parece estar sendo muito difícil pra você.”

Valida a emoção


  1. Conclusão — Construir pontes, não muros


Conversar com adolescentes é, muitas vezes, um desafio repleto de silêncios, resistências e mal-entendidos. Mas também é uma das experiências mais transformadoras que pais, cuidadores e educadores podem vivenciar. Não se trata de encontrar as palavras perfeitas, mas de estar presente com autenticidade, vulnerabilidade e escuta verdadeira.


A adolescência é um território em construção — e toda construção precisa de pontes: pontes de confiança, de empatia, de paciência. Quando adultos insistem no controle, na correção ou na rigidez, constroem muros emocionais. Quando escolhem a escuta ativa, a presença afetiva e o diálogo respeitoso, constroem espaços seguros de conexão.


O cérebro adolescente está moldando suas redes emocionais e sociais com base em cada interação significativa. Cada conversa respeitosa, mesmo que breve, é um investimento no vínculo, na autoestima e na autonomia emocional do jovem.

“A escuta é um ato de amor. E para o adolescente, ser escutado é ser reconhecido como alguém que importa.”— Carl Rogers

Não espere que o adolescente peça ajuda do jeito que um adulto faria. Muitas vezes, a dor vem disfarçada de silêncio, de raiva ou de indiferença. Estar disponível, sem invadir. Demonstrar interesse, sem pressionar. Aceitar o tempo do outro, sem desistir. Essa é a escuta que transforma.


E quando o diálogo não for suficiente, buscar apoio profissional é parte essencial do cuidado. A comunicação não substitui a psicoterapia — mas ela prepara o terreno para que o adolescente confie, aceite ajuda e encontre caminhos de crescimento.


Por fim, lembre-se: você não precisa ter todas as respostas. Basta estar ali, com presença e escuta. Isso já é um começo — e às vezes, é tudo o que um adolescente precisa.


Referências bibliográficas


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