“Quero morrer”: o que essa frase revela e como acolher o risco de suicídio na adolescência
- Paloma Garcia
- 19 de jun.
- 21 min de leitura
Atualizado: 22 de jun.
Essa fala pode indicar ideação suicida, sinais de depressão ou uma crise emocional que precisa ser levada a sério. Neste artigo, você vai entender o que essa frase significa, como acolher com segurança emocional e quando buscar ajuda profissional.

“Quero morrer”: o que essa frase significa e como acolher sem pânico
Se você já ouviu essa frase da boca de um filho, aluno ou paciente adolescente, sabe o quanto ela perfura. É como se o chão desaparecesse sob os pés. O corpo congela. A mente corre para mil lugares:
“Será que é verdade?”
“É só drama?”
“Está tentando chamar atenção?” “
O que eu faço agora?”
Esse é um momento de travamento emocional e, ao mesmo tempo, um grito de socorro em estado bruto. Pode vir de forma impulsiva, confusa, silenciosa. Mas raramente vem à toa.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2023), o suicídio é a 4ª principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos no mundo. Ou seja: não é exagero. É um alerta real, urgente, mas acolhível.
🧩 Não é só uma frase: é um grito por alívio
Na maioria dos casos, “quero morrer” não significa o desejo literal de morrer, mas sim a forma mais extrema que o adolescente encontrou para expressar o que parece insuportável.
É como gritar dentro de um túnel escuro esperando que alguém, do outro lado, devolva um eco. Um sinal de que ele ainda existe para o mundo.
A psicóloga Lisa Damour, em The Emotional Lives of Teenagers (2023), explica que adolescentes muitas vezes usam a linguagem da morte para dar forma a uma exaustão emocional sem vocabulário. Estão sobrecarregados, frustrados, perdidos mas não sabem como traduzir isso de outro jeito.
Essa fala precisa ser acolhida com seriedade, não como sentença, mas como sintoma. Um sintoma de colapso emocional que pode ser contido, se houver alguém que escute de verdade.
🧠 Por que adolescentes sentem tudo com tanta intensidade?
A neurociência do desenvolvimento oferece a chave para entender.
Segundo o pesquisador Ronald Dahl, o cérebro passa por um desenvolvimento assimétrico na adolescência. Isso significa que algumas partes se desenvolvem antes de outras, o que afeta o comportamento, as emoções e a tomada de decisões.
🔸 A primeira a amadurecer é a região límbica: É como se fosse o “motor das emoções”. Essa parte do cérebro sente tudo com muita intensidade, medo, raiva, desejo, tristeza, entusiasmo. Ela está superativa na adolescência.
🔸 Já o córtex pré-frontal demora mais para se desenvolver: É a parte do cérebro que ajuda a pensar antes de agir, avaliar riscos, controlar impulsos e tomar decisões conscientes. É como o “freio” do cérebro e ele ainda está em construção nessa fase.
O resultado?
🔺 Emoções mais intensas
🔺 Reações mais impulsivas
🔺 Baixa capacidade de autorregulação diante do estresse
💡 Dica complementar: Se o adolescente vive um turbilhão emocional constante, veja também o artigo Ansiedade na adolescência: como ajudar, com sinais práticos e estratégias de acolhimento.
O neurocientista Laurence Steinberg, no livro Age of Opportunity (2014), descreve a adolescência como o “auge da plasticidade cerebral e da vulnerabilidade emocional”. Isso significa que, nesse período, o cérebro está mais aberto a mudanças, como se fosse um material maleável, pronto para aprender, se adaptar e formar novas conexões. Esse é o lado positivo da plasticidade cerebral: o adolescente tem enorme capacidade de crescimento, aprendizado e transformação.
Por outro lado, essa mesma fase também é marcada por uma grande instabilidade emocional. A expressão “vulnerabilidade emocional” indica que os adolescentes sentem com muita intensidade, têm menos recursos internos para lidar com a dor, e são mais afetados por rejeições, críticas e conflitos. Ou seja, o cérebro deles está em pleno desenvolvimento e, por isso, é também um dos momentos mais potentes e mais delicados da vida emocional.
Isso significa que experiências negativas como rejeições, solidão ou conflitos familiares podem parecer catástrofes internas. E é por isso que frases como:
🗣️ “Quero morrer”
🗣️ “Eu sou um lixo”
🗣️ “Ninguém se importa comigo”
…não devem ser tratadas como drama. São expressões de um cérebro em colapso emocional, tentando pedir ajuda.
🤝 “Crise não é sentença”: acolher antes de interpretar
O impulso imediato do adulto é tentar corrigir, explicar, resolver. Mas o que mais ajuda de verdade é estar junto com quem sente, mesmo sem entender tudo.
Você não precisa ter as palavras certas. Você precisa ficar.
O psiquiatra Dan Siegel, no livro Brainstorm (2013), explica que a presença emocional de um adulto confiável atua como uma âncora neuroafetiva. Isso significa que, quando um adulto está presente de forma calma e acolhedora, o sistema nervoso do adolescente se sente mais seguro e começa a se regular.
Ou seja: a presença estável do adulto ajuda o jovem a sair do estado de pânico e reorganizar suas emoções, mesmo sem precisar falar muito.
“A simples presença de alguém que escuta com calma já reduz a intensidade da crise.”
O adolescente não precisa de uma resposta perfeita. Precisa saber que não está mais sozinho para carregar a dor.
O que é ideação suicida na adolescência e como diferenciar sinais de risco real
“Ideação suicida” é o nome clínico para os pensamentos recorrentes de morte ou desejo de não existir, que aparecem com frequência na adolescência e nem sempre significam intenção concreta de morrer.
Muitos adolescentes não querem de fato morrer mas não sabem mais como continuar vivendo com a dor que sentem.
Segundo a American Psychological Association (APA), qualquer menção à morte, mesmo dita como brincadeira, ironia ou cansaço merece atenção clínica e nunca deve ser ignorada.
⚖️ Ideação passiva x ativa: como identificar os sinais de risco
Existem dois principais tipos de ideação suicida e entender essa diferença ajuda a decidir quando buscar ajuda urgente.
Tipo de ideação | Características principais | Exemplos de fala | 🚨 Nível de risco |
Passiva | Desejo de desaparecer, não acordar, deixar de existir. Sem plano. | “Queria sumir.” “Ninguém notaria se eu fosse embora.” | Médio (pode evoluir) |
Ativa | Desejo real de morrer, com ideia de como, onde ou quando. Pode envolver meios. | “Já pensei em como fazer.” “Guardei remédios.” | Alto (exige triagem clínica imediata) |
📌 Importante: mesmo a ideação passiva pode se intensificar rapidamente. Por isso, toda fala que envolve desejo de morte precisa ser acolhida e jamais ridicularizada ou ignorada.
🔍 O que a ciência diz sobre risco?
O suicidólogo Thomas Joiner, na Teoria Interpessoal do Suicídio, identificou três fatores que, quando combinados, aumentam significativamente o risco:
Sentir-se um fardo para os outros
Estar isolado emocional ou socialmente, mesmo cercado de pessoas
Ter uma capacidade adquirida para morrer (acesso a meios + dessensibilização à dor)
💡 Frases como “minha família seria melhor sem mim” ou “ninguém se importa” somadas a histórico de dor crônica e isolamento, exigem avaliação clínica imediata.
🧩 Psychache: a dor psíquica invisível, mas insuportável
O psicólogo Edwin Shneidman criou o termo psychache para descrever uma dor emocional tão forte, que parece impossível de suportar.
É como um sofrimento interno que não aparece por fora, mas vai se acumulando até a pessoa sentir que sumir seria mais fácil do que continuar vivendo com aquilo.
Não é frescura, nem drama é uma dor psíquica real, que precisa ser ouvida, acolhida e tratada com cuidado.
Entre suas causas mais comuns:
Rejeições afetivas não elaboradas
Sentimento de inadequação crônica
Conflitos familiares constantes
Crises de identidade e pertencimento
Experiências de negligência, violência ou abuso
Bullying, racismo, LGBTQIA+fobia e misoginia
Quando essa dor não encontra escuta nem tradução emocional, o pensamento suicida surge como estratégia de fuga e não como um desejo consciente de morrer.

🚨 Frases reais que merecem atenção, mesmo ditas como “brincadeira”
🗣️ “Eu queria desaparecer.”
🗣️ “Acho que ninguém sentiria minha falta.”
🗣️ “Minha família seria melhor sem mim.”
🗣️ “Talvez eu fosse mais feliz se não existisse.”
🗣️ “Se eu morresse, ia ser um alívio.”
Essas frases não devem ser interpretadas literalmente, mas jamais ignoradas.
Elas expressam um limite emocional atingido uma dor que ainda não encontrou linguagem simbólica, mas já encontrou um sintoma.
🧠 Por que isso aparece com tanta frequência na adolescência?
A adolescência é uma fase em que o cérebro passa por muitas mudanças e reestruturações. É como se estivesse sendo “reorganizado” por dentro. Ao mesmo tempo, o adolescente está tentando entender quem é, o que acredita, do que gosta, essa é a formação da identidade. Tudo isso acontece enquanto ele também lida com emoções intensas e instáveis, o que o torna mais sensível ao estresse, à rejeição e aos conflitos. Por isso, é um período naturalmente mais vulnerável do ponto de vista emocional.
Ou seja:
A autoestima oscila bruscamente
O sistema emocional é instável
A comparação nas redes sociais amplifica a sensação de inadequação
Falta vocabulário emocional para expressar o que se sente
📌 E quando não há espaço seguro de escuta, o pensamento vira sintoma e o sintoma, risco clínico real.
💬 “Linguagem-limite”: quando o corpo ou a fala revelam o que não tem nome
O psicanalista Didier Anzieu criou o conceito de linguagem somatopsíquica para explicar como, quando não conseguimos expressar uma dor emocional com palavras, o corpo ou a fala podem “falar” por nós.
Ou seja: um adolescente pode dizer coisas muito extremas, como “quero morrer”, ou até sentir dores físicas (como dor no estômago, na cabeça, ou tensão no corpo) sem nenhuma causa médica. Isso acontece porque o sofrimento psíquico que não é nomeado pode se transformar em sintomas físicos ou em falas carregadas de dor.
Esses sinais devem ser vistos como pedidos de ajuda disfarçados, não como exagero.
🔬 A dor emocional também dói fisicamente
Estudos de neuroimagem mostram que a rejeição social ativa as mesmas áreas do cérebro da dor física.
Eisenberger & Lieberman (2004), no estudo Why it hurts to be left out, mostraram que:
O cérebro interpreta exclusão, abandono e desprezo como uma lesão real.
💡 Por isso, ideação suicida não é “frescura”. É uma dor biológica, emocional, relacional que precisa ser acolhida com a mesma seriedade de uma fratura.
Sinais de alerta em adolescentes com ideação suicida Como reconhecer uma crise emocional grave
Sinais de alerta são mudanças persistentes no comportamento, humor ou comunicação de um adolescente, que indicam possível risco à sua saúde mental, especialmente em casos de ideação suicida.
Nem todo silêncio é paz. Nem toda explosão é rebeldia. Nem toda fala sobre morte é só drama.
Reconhecer uma crise emocional grave na adolescência é um dos gestos mais importantes e mais desafiadores para quem cuida. Muitos sinais não gritam. Eles sussurram. E para ouvi-los, é preciso mais que técnica: é preciso atenção, treino e coração.
📌 Estes sinais não são diagnósticos por si só. Mas quando são intensos, duram mais de duas semanas e afetam a rotina, exigem atenção profissional imediata.
💥 O que é uma crise emocional grave?
Crise emocional grave não é só uma fase. Não é “adolescente sendo adolescente”.
É um colapso interno, no qual o jovem perde a capacidade de lidar sozinho com o que sente. Pode se manifestar como tristeza profunda, raiva descontrolada, isolamento intenso ou mesmo como um silêncio anestesiado que grita por dentro.
E o mais importante: isso não acontece só com adolescentes “problemáticos”. Muitos mantêm boas notas, saem com amigos, postam nas redes e ainda assim, sofrem em silêncio.
👀 Como identificar os sinais de alerta?
🔸 COMPORTAMENTAIS
⚠️ Alterações no sono ou apetite
Dorme demais ou quase nada
Come compulsivamente ou perde o apetite
🔍 Indicam desregulação emocional, comum em quadros depressivos.
⚠️ Desistência escolar ou acadêmica
Faltas frequentes, recusa em fazer tarefas
Abandono de atividades antes prazerosas
🔍 Pode sinalizar perda de sentido ou energia vital.
⚠️ Isolamento intenso e repentino
Se tranca no quarto, evita contato com amigos
Recusa diálogos com familiares
🔍 Se esse padrão se mantém, é um marcador de risco clínico.
⚠️ Automutilação
Cortes, arranhões, queimaduras, beliscões
🔍 Mesmo sem ideação suicida explícita, é sinal de dor psíquica grave.
🔸 EMOCIONAIS
⚠️ Explosões de raiva desproporcionais
Gritos, xingamentos, destruição de objetos
🔍 A raiva, muitas vezes, esconde tristeza ou desamparo.
⚠️ Silêncio prolongado ou choro frequente
Dias sem se comunicar, crises de choro súbito
🔍 Pode indicar esvaziamento psíquico, sensação de ausência de si.
⚠️ Falas de autodepreciação ou inutilidade
“Sou um peso”, “ninguém liga pra mim”
🔍 Sinais clássicos de ideação passiva.
⚠️ Entrega de objetos pessoais importantes
Roupas, livros ou itens afetivos
🔍 Gesto simbólico que pode indicar despedida emocional.
💡 Dica complementar: Se a raiva tem sido uma forma frequente de expressão do adolescente, veja também o artigo Lidando com a raiva dos adolescentes, com caminhos de escuta e reconexão afetiva.
🔸 SOCIAIS E DIGITAIS
⚠️ Postagens com temas de morte ou desistência
“Adeus mundo cruel”, “chega pra mim”, “não aguento mais”
🔍 Jean Twenge (iGen) mostra que redes sociais são espaços de despedida velada.
⚠️ Humor autodepreciativo em excesso
Piadas sobre suicídio, fracasso ou inadequação
🔍 Muitas vezes é um pedido de ajuda disfarçado de meme.
⚠️ Desaparecimento digital súbito
Apagar perfis, parar de interagir, sumir dos grupos
🔍 Pode indicar tentativa de fuga emocional ou preparo para algo mais grave.
🧠 A neurociência do risco: o que diz a ciência
Segundo Thomas Joiner, o risco suicida se torna crítico quando o adolescente desenvolve a chamada capacidade adquirida para morrer:
Se habitua à dor física (automutilações repetidas)
Perde o medo da morte (dessensibilização emocional)
Tem acesso a meios letais
“A exposição crônica à dor dessensibiliza o sistema nervoso. Isso pode tornar a tentativa de suicídio mais provável, mesmo sem intenção plenamente consciente.”
⚖️ Ideação ambivalente: entre a dor e o desejo de viver
O psicólogo Edwin Shneidman propôs o conceito de ideação ambivalente:
“Eles não querem morrer. Querem parar de sofrer.”
Nesse estado, o adolescente ainda busca conexão com a vida, mas já flerta com a ideia de desistir. Esse é um dos momentos mais perigosos, porque a dor parece invadir tudo, e a decisão pode se tornar impulsiva.
O que mostram os dados?
OMS (2023): Suicídio é a 4ª causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos.
UNICEF (2021): 1 em cada 5 adolescentes se sente frequentemente sem esperança.
AAP (2022): A maioria dos adolescentes em risco não verbaliza diretamente suas intenções.
✅ Risco emocional ou fase normal da adolescência?
🚨 Sinais de Risco | Comportamentos Esperados |
Isolamento intenso e duradouro | Busca por privacidade |
Fala sobre morrer ou sumir | Questionamentos existenciais |
Raiva + apatia constante | Oscilações normais de humor |
Postagens com tom de despedida | Humor dramático ou memes |
Automutilação frequente | Descuido pontual com o corpo |
📌 Regra de ouro: Se o comportamento dura mais de duas semanas, é intenso e afeta a rotina, é sinal de alerta real.
O que fazer quando um adolescente diz “quero morrer”: guia imediato de acolhimento e proteção
Como recomenda a OMS (2021):
“Proteger a vida é a prioridade imediata. A escuta profunda virá depois, quando o risco estiver controlado.”
⚠️ A dor de escutar e o risco de reações automáticas
É comum que, diante de frases como essa, o adulto congele ou reaja defensivamente:
“Você tem tudo, como pode dizer isso?”
“Para com essa besteira.”
“Só pode ser drama.”
Essas respostas não vêm da indiferença. Vêm do medo.
Segundo Stephen Porges, o congelamento emocional é uma resposta do sistema nervoso autônomo a uma ameaça extrema.
O adulto paralisa porque o cérebro entra em estado de alerta. Mas o adolescente não precisa de julgamento, precisa de um adulto regulado que o ajude a se regular.
🧭 O que fazer: 4 passos imediatos
✅ 1. Fique por perto
Mesmo em silêncio. Sua presença regula.
Mesmo que ele diga “me deixa em paz”, não o deixe completamente sozinho. A presença física calma de um cuidador aciona o sistema nervoso parassimpático, reduzindo impulsividade e desespero.
✅ 2. Evite pressionar para que ele explique tudo
Escutar sem cobrar traduz segurança.
Frases como “me fala logo” ou “o que aconteceu?” podem ser sentidas como exigência.
Em vez disso, diga com simplicidade:
“Eu tô aqui. Não precisa explicar tudo agora.”
“A gente vai passar por isso juntos.”
Como explica Dan Siegel, nomear com afeto, mesmo que com poucas palavras, já ajuda o cérebro a sair do modo pânico.
✅ 3. Retire com cuidado os meios letais
Proteger sem assustar.
Discretamente, retire de circulação objetos que possam representar risco, como:
Medicamentos (inclusive os comuns)
Lâminas, cabos, cordas
Substâncias químicas ou álcool
Armas (inclusive de airsoft ou utilitárias)
O Suicide Prevention Resource Center mostra que essa medida reduz drasticamente tentativas impulsivas.
✅ 4. Busque ajuda profissional imediatamente
Acolher é também encaminhar.
Acione CAPS 24h, UBS com emergência psiquiátrica, Pronto Atendimento ou SAMU (192).
Marque avaliação com psicólogo(a) ou psiquiatra.
📌 Como reforça a OMS: agir rápido protege a vida.

🗣️ Como responder: frases que acolhem
“Eu te ouvi. Isso é sério. Obrigado por confiar em mim.”
“Você não está sozinho. Vamos buscar ajuda juntos.”
“Sua dor importa. Eu tô aqui.”
“Não sei tudo, mas quero te ajudar a atravessar isso.”
Segundo Carl Rogers, a presença autêntica e não julgadora é uma das formas mais profundas de acolhimento emocional.
🚫 O que NÃO fazer: confronto, culpa ou ironia
❌ Frase que piora | ✅ Alternativa empática |
“Você só quer chamar atenção.” | “Você merece atenção. E eu estou aqui.” |
“Tem gente com problemas maiores.” | “Sua dor importa, mesmo que eu não entenda tudo.” |
“Isso é bobagem/frescura.” | “Se isso te dói, é real. Vamos cuidar disso.” |
“Isso é falta de fé.” | “Sua dor não tem a ver com fé. Tem a ver com sofrimento.” |
“Você não devia sentir isso.” | “Eu respeito o que você sente, mesmo sendo difícil de ouvir.” |
O modelo CAMS, de David Jobes, mostra que confrontar um adolescente em risco aumenta o isolamento e reduz a aceitação de ajuda.
💡 Dica complementar: Em contextos de crise emocional, o cuidado imediato pode salvar vidas. Veja também o artigo Compreendendo e agindo em situações de crise na adolescência, com orientações claras para familiares, professores e cuidadores.
🔬 Por que escutar salva?
Estudos de neuroimagem (Lieberman et al., 2007) mostram que:
Nomear uma emoção ativa o córtex pré-frontal e reduz a atividade da amígdala, a área do cérebro ligada ao medo e ao desespero.
Esse é o processo chamado por Dan Siegel de “nomear para acalmar”.
Como manter a calma diante da crise: estratégias para apoiar emocionalmente um adolescente com ideação suicida
Se você já passou por isso, sabe: nada te prepara para esse momento. A boa notícia é: você não precisa ter as palavras certas. Só precisa estar presente, de forma calma, estável, afetiva.
🧠 O que é co-regulação emocional
Quando um adolescente entra em colapso emocional, ele ainda não tem estrutura para se autorregular. Ele se regula pelo adulto:
Pelo tom da sua voz
Pela sua respiração
Pela sua postura
"O adolescente é o barquinho na tempestade. E você é o farol. O farol não entra na água. Mas permanece aceso. E por isso, guia.”
Essa ideia é sustentada por estudos de neurociência afetiva. Segundo o psiquiatra Dan Siegel, o cérebro do adolescente é “hiperemocional e ainda em desenvolvimento”. Ele precisa se acoplar a um “cérebro mais maduro” para se reorganizar.
Ou seja: quando você respira com calma, o corpo dele entende: ‘estou seguro’.
A co-regulação emocional é o processo no qual um cérebro mais estável (o seu) ajuda outro cérebro (o do adolescente) a voltar ao centro.
Segundo a Teoria Polivagal, de Stephen Porges, o sistema nervoso humano responde automaticamente a sinais de ameaça ou segurança no ambiente, especialmente nos outros.
✔️ Uma voz calma sinaliza: “você está seguro”.
❌ Um tom agudo e acelerado ativa o alerta: “perigo, corra”.
💬 Como transmitir presença emocional, mesmo em silêncio
✔️ Fique por perto, mesmo que o adolescente não queira falar.
✔️ Diga “estou aqui”, mesmo sem saber o que fazer.
✔️ Mantenha o tom de voz baixo, lento e gentil.
✔️ Faça contato visual, mas sem pressão.
O psicanalista Donald Winnicott chamou isso de “função de sustentação emocional”:
“Não é o que você diz. É quem você é ali, naquela hora que regula.”
🚫 Reações comuns que pioram a situação
❌ Explodir: gritar, chorar sem controle, sair correndo
➡️ Desorganiza o adolescente ainda mais. Ativa o pânico mútuo.
❌ Congelar: silenciar completamente, desaparecer, sair da sala
➡️ Passa a sensação de abandono ou indiferença.
❌ Tentar resolver com lógica: “Vamos pensar positivo”, “Isso é coisa da sua cabeça”
➡️ Pode soar como negação da dor e quebrar o vínculo.
🧩 Técnicas de Presença Emocional
✅ O que fazer | ❌ O que evitar |
Respirar fundo antes de responder | Falar de forma apressada |
Ficar próximo, sem invadir o espaço | Sair da sala ou desaparecer |
Nomear a emoção com cuidado | Ignorar ou minimizar a fala |
Fazer contato visual gentil | Cobranças ou broncas |
Dizer: “Eu estou aqui” | Dizer: “Não sei lidar com isso” |
Quando procurar ajuda profissional para adolescentes com ideação suicida: sinais, critérios e caminhos de acolhimento
“Será que é depressão mesmo… ou só drama adolescente?”
Essa pergunta ecoa na mente de muitos cuidadores. Afinal, a adolescência é intensa por natureza: há dias bons e dias péssimos, silêncios profundos, explosões súbitas e sim, exageros e lágrimas. Mas também pode haver dor real, silenciosa, que transborda e exige mais do que escuta caseira.
A boa notícia? Existe uma rede de apoio possível. Mas é preciso saber quando e como acionar.
📣 Mesmo que você não seja profissional da saúde, é possível reconhecer os sinais certos e encaminhar com responsabilidade. Aqui está como:
🧭 Como saber se o sofrimento já ultrapassou os limites da autorregulação?
Às vezes, o adolescente diz claramente:
“Nada mais faz sentido.”
“Eu queria sumir.”
“Eu não aguento mais.”
Mas muitas vezes ele nega qualquer problema, mesmo em sofrimento intenso. É por isso que o olhar atento do adulto é tão importante.
🧠 Critérios clínicos
Segundo o DSM-5, um episódio depressivo pode ser diagnosticado quando, por mais de duas semanas, há cinco ou mais dos seguintes sintomas:
Humor deprimido ou irritável constante
Perda de prazer nas atividades
Alterações no sono, apetite ou energia
Queda de autoestima ou dificuldade de concentração
Pensamentos sobre morte (mesmo vagos)
Comportamentos autolesivos (como automutilação)
Esses critérios foram abordados de forma ampliada na seção 3, veja comparativo entre crise real e comportamentos esperados da idade.

🩺 Psicólogo/ Terapeuta, psiquiatra, hospital ou CAPS? Quem procurar e quando?
Profissional / Serviço | O que faz | Quando buscar |
Psicólogo(a) / Terapeuta | Avalia e trata sofrimento emocional | Tristeza persistente, ansiedade, automutilação |
Psiquiatra infantil | Médico, pode prescrever medicação | Risco de suicídio, depressão grave |
CAPS (SUS) | Atendimento multiprofissional | Casos complexos, trauma ou vulnerabilidade social |
🚨 Emergência emocional: como reconhecer e agir
“Quero morrer. Já pensei em como.” → Essa frase não é metáfora. É sinal de risco real e imediato.
🔎 Emergência emocional aguda envolve:
Plano específico (“vou tomar os remédios do armário”)
Isolamento súbito e total
Desfazer-se de objetos afetivos
Frases como “não vejo saída”
Acesso a meios letais
📌 AACAP recomenda intervenção clínica em até 24 horas.
☎️ Onde buscar ajuda: com ou sem plano de saúde
💡 Caminhos gratuitos e acessíveis:
CAPS (SUS)
UBS com psicólogo ou psiquiatra
Hospitais universitários
Serviços-escola de faculdades
Clínicas sociais ou populares
📞 CVV – 188: escuta 24h, sigilosa e gratuita.
✅ Quadro prático: Quando procurar ajuda?
Situação observada | Encaminhamento recomendado |
Fala sobre suicídio | Avaliação clínica imediata |
Plano específico + isolamento | Emergência: SAMU ou hospital |
Automutilação grave ou frequente | Psicoterapia urgente e/ou hospital |
Tentativa anterior de suicídio | CAPS ou pronto atendimento |
Insônia + apatia | Avaliação clínica |
Queda brusca no rendimento escolar | Psicólogo, terapeuta ou psiquiatra |
📋 Checklist de risco agudo
☐ O adolescente tem um plano específico?
☐ Existe acesso a meios letais?
☐ Ele está completamente isolado?
✅ Se a resposta for “sim” para dois ou mais itens acima, considere uma emergência.
Como construir uma base protetora para adolescentes com sofrimento emocional: vínculos, previsibilidade e pertencimento
A ciência nos mostra é que o sofrimento emocional não começa na crise. Ele se instala aos poucos, nas lacunas afetivas, nas desconexões do cotidiano, nos vínculos frágeis.E que a base de proteção começa antes no modo como o adulto está, responde, repete e sustenta.
🧠 O que é base segura?
Segundo a Teoria do Apego, de John Bowlby, uma base segura é a percepção de que existe alguém previsível, acessível e emocionalmente responsivo, mesmo nos momentos de dor.
Essa sensação é construída por meio da repetição de experiências em que o adolescente sente-se visto, acolhido e respeitado, mesmo em momentos de instabilidade.
🔍 A base segura não impede o sofrimento, mas modula sua intensidade e dá ao adolescente um "porto emocional" para onde voltar. Ao internalizar essa segurança, o jovem constrói resiliência e autoconfiança afetiva.
💡 Presença afetiva: como sua constância protege o cérebro do adolescente
Presença afetiva não é presença física constante, é disponibilidade emocional consistente. Ela se traduz em gestos que comunicam: "você importa para mim, mesmo quando não está bem".
A presença emocional estável atua como co-regulador neurobiológico: o sistema nervoso do adolescente, ainda em maturação, modela-se pelas respostas do adulto. Isso se chama acoplamento afetivo.
Exemplos cotidianos de presença afetiva:
Dizer “boa noite” mesmo quando o adolescente está em silêncio
Preparar um lanche sem cobrar conversa
Sentar junto, mesmo sem resposta verbal
Demonstrar disponibilidade mesmo sem falar sobre o problema
"Você não precisa estar bem para ser amado."
🧭 Previsibilidade emocional: estabilidade em tempos de caos
Adolescentes vivem um turbilhão interno: alterações hormonais, reestruturações cognitivas e conflitos de identidade. Ambientes previsíveis ajudam a compensar essa instabilidade.
Estudos mostram que rituais diários e estabilidade na rotina ajudam o cérebro a antecipar e regular emoções. A previsibilidade atua como "colchão de segurança emocional".
Exemplos protetores de previsibilidade emocional:
Comer juntos uma vez ao dia, com escuta ativa
Repetir "te vejo mais tarde" com afeto real
Manter rituais de despedida ou boas-vindas
Cumprir promessas e horários com consistência

🤝 Vínculo contínuo: ficar perto mesmo quando há silêncio
Adolescentes frequentemente testam a presença afetiva do adulto, afastando-se, negando conversas ou reagindo com hostilidade. O desafio do vínculo é não desaparecer emocionalmente diante disso.
Segundo Winnicott, um ambiente suficientemente bom é aquele onde o adolescente pode falhar, se calar, se irritar e ainda assim ser acolhido.
Essa constância é o que permite que o vínculo sobreviva à crise e seja resgatado depois.
🗣️ Nomear emoções: o gesto que regula
Adolescentes frequentemente expressam suas emoções por meio de comportamentos desorganizados. Nomear a emoção com afeto ajuda a integrar cérebro emocional e racional.
“Será que essa raiva tem um pouco de tristeza junto?”
Segundo Dan Siegel, nomear a emoção com empatia reduz a atividade da amígdala (região do medo) e ativa o córtex pré-frontal (regulação e tomada de decisão).
Estratégia prática:
Use linguagem descritiva, sem julgamento
Nomeie a emoção observada sem rotular o adolescente
Dê espaço para correções: "É isso mesmo ou parece outra coisa?"
🧭 Pertencimento: pequenos convites, grandes proteções
Um dos fatores mais perigosos para o suicídio não é a tristeza, mas a sensação de não fazer falta a ninguém.
A Teoria Interpessoal do Suicídio, de Thomas Joiner, aponta que o risco aumenta com:
Sensação de inutilidade
Isolamento afetivo
Habituar-se à dor emocional
Como cultivar pertencimento real:
Fazer convites simples e significativos: “Você me ajuda com isso?”
Reconhecer talentos e contribuições
Respeitar gostos musicais, estéticos e afetivos
Criar projetos em comum: playlist da família, cuidado com um animal, decoração de um espaço pessoal
🧠 Educação emocional começa em casa
Educar emocionalmente não significa proteger do sofrimento, mas ensinar a reconhecê-lo, nomeá-lo e atravessá-lo com suporte.
Segundo o modelo SEL (Social and Emotional Learning), adolescentes que aprendem regulação emocional têm menos comportamentos de risco e mais saúde mental.
Frases que ensinam com afeto:
“Tá tudo bem errar. A gente aprende.”
“Você tentou. E isso importa.”
“Todo mundo sente medo às vezes. E eu tô aqui.”
A repetição segura dessas frases modela o cérebro para reagir com menos desespero.
❌ Cuidado com as armadilhas da boa intenção
A tentativa de proteger pode, às vezes, se transformar em controle, invasão ou negação da dor do adolescente.
❌ Evite | ⚠️ Por quê |
Supercontrole disfarçado de zelo | Envia sinal de desconfiança |
Espionar celular sem diálogo | Quebra vínculo de confiança |
Minimizações (“para com isso”) | Invalida a dor e distancia |
Comparações com outras gerações | Impede empatia e escuta genuína |
Indicação de livros que ajudam pais e educadores a acolher a dor emocional de adolescentes
Se você convive com um adolescente ansioso, retraído ou em sofrimento silencioso, essas obras podem ampliar sua escuta, fortalecer o vínculo e oferecer caminhos seguros para apoiar sem julgamento, com base em ciência e humanidade.
Como ajudar seu adolescente ansioso: descobrindo a fonte de suas preocupações e medos
Autora: Jessica Thompson
Com linguagem clara e acessível, a autora ajuda pais a compreenderem o que está por trás das reações ansiosas dos filhos adolescentes sem rotular, minimizar ou tentar “consertar” emoções. Um livro que convida à escuta genuína e oferece estratégias para promover segurança emocional no dia a dia.
Comportamento suicida da criança e do adolescente: prevenção, avaliação e intervenção para escolas
Autor: David M. Miller
Voltado a educadores, psicólogos e equipes escolares, o livro oferece ferramentas práticas para reconhecer sinais de alerta, construir protocolos preventivos e intervir com responsabilidade diante de comportamentos suicidas na infância e adolescência. Fundamentado em evidências e escrito com clareza clínica.
Confissões de um adolescente depressivo: a luta contra a depressão que se transformou numa das TED Talks mais virais de todos os tempos
Autor: Kevin Breel
Neste relato pessoal, Kevin compartilha sua experiência real com a depressão na adolescência, desafiando os estereótipos do “jovem feliz” e revelando o sofrimento invisível que muitos carregam em silêncio. Uma leitura impactante e acessível, que pode ser usada inclusive com adolescentes em grupos de apoio ou mediação.
Falando sério sobre adolescência
Autor: Thalita Rebouças e Renato Caminha
Com base na descrição editorial, a obra se propõe a apresentar, de forma acessível, os principais dilemas e desafios da adolescência contemporânea. Apesar da ausência de informações detalhadas sobre o autor, pode servir como material introdutório para pais que buscam um primeiro contato com temas como identidade, crise e autonomia.
Não acredite em tudo o que você pensa
Autor: Joseph Nguyen
Com uma abordagem leve e reflexiva sobre os padrões de pensamento negativos, este livro convida adolescentes e adultos a se distanciarem de ideias autodepreciativas — como “não sou bom o bastante” ou “ninguém se importa comigo”. Indicado para complementar processos de psicoeducação e regulação emocional.
Conclusão: A vida pode ser reconstruída
Quando um adolescente diz “quero morrer”, ele não está, necessariamente, pedindo o fim da vida, mas sim o fim da dor. É um grito por outra forma de existir. E, nesse momento, o que mais protege não é ter as palavras certas. É estar ali, de verdade.
Presença contínua, escuta sem julgamento e ajuda profissional não curam tudo imediatamente, mas constroem o chão para que a vida volte a ser possível. Aos poucos. Com tempo. Com vínculo.
Como dizia Winnicott, não é o que fazemos que cura, é o que somos na presença do outro. Um adulto disponível, mesmo em silêncio, já é um fator de proteção poderoso. E isso está ao alcance de todos nós.
A vida do adolescente pode ser reorganizada quando ele sente que não está mais sozinho para segurar o que dói. Não se trata de apagar a dor, mas de aprender a atravessá-la com apoio.
🕯️“Você não precisa ser o sol. Só precisa ser a vela que resiste à escuridão.”
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